Continuidade
da Obra de Ariano Suassuna
Pedra Lumiara Jaúna |
Por Teresa
Duarte
Passado um ano do falecimento do
escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, sua obra ainda permanece viva e está
sendo continuada pelo seu filho, o artista plástico Manuel Dantas Suassuna. Um
arrojado projeto que faz parte do livro deixado pronto pelo escritor, obra
inédita que ainda não foi publicada, estava sendo desenvolvido na Fazenda
Carnaúba, Município de Taperoá, na Paraíba e havia parado por falta de
recursos.
Esse projeto foi iniciado em 2011 e
vinha sendo custeado pelo escritor. O primogênito do escritor revela que tudo
começou quando seu pai lhe contou que precisava de uma pedra que fosse
semelhante à pedra do Ingá. “Papai me
falou que precisava da pedra porque estava empenhado na escrita do seu novo
romance, onde um personagem faz inscrições rupestres, entalhadas em uma pedra
semelhante à do Ingá”, revelou.
De imediato, o filho informou-lhe que
aquela pedra existia e que ela estava exatamente na propriedade de seus
familiares, o que causou surpresa ao escritor. Surpresa maior foi quando Ariano
Suassuna mostrou ao seu filho o desenho da pedra esculpida, contida no
protótipo do livro que estava escrevendo. “Quando papai me mostrou o desenho da
pedra que constava em sua nova obra eu fiquei surpreso com a semelhança porque
ela era exatamente igual à pedra que tínhamos em nossa propriedade”, destacou o
artista plástico.
Na primeira vez que o escritor foi ao
local para conhecer a pedra, ficou frustrado porque o mato estava bastante alto
e não foi possível localizá-la. Na segunda vez, já precavido, Manuel Dantas
cuidou de atear fogo ao mato, limpado o acesso à pedra. “Na segunda vez que meu
pai veio conhecer a pedra, eu havia ateado fogo à vegetação para podermos
chegar até ela, deixando-o mais encantado, ainda, porque ele tinha um
verdadeiro fascínio pelo fogo”, destacou.
No mesmo dia, foi feita a limpeza da
pedra, e iniciado o processo de esculpi-la, o que foi feito pelo morador
Waldemir, partindo dos desenhos e formatos passados por Ariano e desenhados por
Manuel Dantas, e que constituiu uma releitura da Pedra do Ingá. Na verdade, o
projeto é bem mais amplo e atinge uma extensa área da Fazenda Carnaúba. O local
reservado, que continha três pedras, foi chamado de Lumiara Jaúna.
Na área, será instalado um museu e
reservado um local para que sejam realizadas oficinas de arte. “A primeira
pedra será chamada de “A Arte Rupestre”, a exemplo da Pedra do Ingá que é um
sitio arqueológico rupestre. Na segunda pedra, será feita uma releitura da
interpretação do barroco brasileiro, enquanto que, na terceira pedra, será a
arte contemporânea. – informou. A continuidade desse projeto é, hoje, a meta do
artista. “Minha obra toda é para homenagear meu pai. Já era assim com ele vivo;
agora, com ele morto, também. Eu tenho o maior orgulho de ser filho de Ariano,
não só do Ariano escritor, mas, também, do Ariano – o homem”, finalizou.
Saiba Mais: A pedra Lumiara
Jaúna está localizada na Fazenda Carnaúba, Município de Taperoá. Fica a 245 km
da capital, João Pessoa e a 120 km de Campina Grande. Limita-se com os
municípios de Desterro, Livramento, Passagem, Salgadinho, São José dos
Cordeiros, Parari, Santo André, Assunção, Areia de Baraúna e Cacimbas. A BR 230
e a PB 238 são as principais rodovias que dão acesso ao Município.
Fotos: Teresa
Duarte
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