domingo, 14 de maio de 2017

A beleza dos vitrais

Vidral na sede do anexo da Assembléia Legislativa da Paraíba

Por Teresa Duarte
Fotos Edson Matos

Vitrais, uma arte milenar que floresceu na Europa durante a Idade Média, amplamente utilizados na ornamentação de igrejas e catedrais, e que, com o passar do tempo, eles foram introduzidos a outros ambientes. As técnicas empregadas para a fabricação de um vitral são as combinações de vidro e chumbo; vidro e latão; vidro e fita de cobre (Tiffany) e fusing.
Para confeccionar cada tipo de vitral são utilizados materiais e ferramentas diferentes. Em João Pessoa alguns prédios públicos utilizam essa arte como forma de decoração, superando o tempo e produzindo imagens retratadas, que, reforçadas sobre o efeito da luz do sol expõe figuras harmoniosas e muito bem destacadas nas cores e brilhos.
Vitral do Colégio Liceu Paraibano
Muito bem conservados nós encontramos vitrais no Palácio da Redenção, Colégio Estadual Liceu Paraibano e no Memorial Parlamentar da Assembléia Legislativa da Paraíba. O vitral instalado no Liceu Paraibano chama atenção dos alunos e visitantes. Eles foram importados da Europa um pouco antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, formando um conjunto de figuras harmônicas coloridas, mantendo seus valores resgatados no tempo.
São figuras da arte, ciências e literatura. O sol e estrelas são destaques no vitral da escola. Alunos estão sempre a observar o vitral decifrando os enigmas desenhados, “eu não me canso de olhar essas figuras feitas com tanta perfeição, e fico imaginando qual foi a inspiração desse artista na época que confeccionou essa bela obra de arte que vem sobrevivendo ao tempo”, destacou o estudante Paulo Antônio de Lima.
No Palácio da Redenção, sede oficial do Governo do Estado, muito embora não esteja localizado em espaço muito visível, o vitral não passa despercebidos. Instalado no teto, logo na subida das escadarias principais do palácio, a obra foi feita no Atelier Moser Recife e colocada em 1931, gestão do então governador Antenor Navarro, retratando o Brasão, escudo usado como timbre nos papéis oficiais do Estado.
Eldésia de Carvalho, funcionária do Cerimonial do Palácio, fala com muito carinho sobre a obra de arte. Ela conta que o vitral sempre chama atenção nas escadarias, principalmente porque ele retrata com muito zelo as figuras que formam o Brasão, “o vitral tem chamado a atenção dos visitantes ao palácio por conta das cores e da perfeição com que foi confeccionado, exibido com perfeição as imagens do nosso Brasão”, destaca.
O desenho, muito bem destacado com a luz do sol, uma paisagem lembra a simplicidades do paraibano, retratando o sertão com um homem guiando o rebanho e o Litoral com um belo sol nascente. Ao lado esquerdo da imagem do vitral uma ramagem de cana-de-açúcar e do lado direito uma ramagem do algodão, principais produtos agrícolas da Paraíba destacados no Brasão que data 1586.
Uma história de amor em comemoração as bordas de ouro do casal Antônio Mendes Ribeiro, deu origem aos dois vitrais instalados em uma sala no prédio do Memorial Parlamentar da Assembléia Legislativa da Paraíba. Conforme Bethania Vasconcelos, diretora da divisão do memorial, as peças chamam a atenção dos visitantes, principalmente estudiosos por ser ele confeccionado com lentes opalinas.
“Nós recebemos visitantes de diversos lugares, principalmente estudiosos que se encantam com a beleza dos vitrais confeccionados em lente opalina trazidos da Europa em 1896, sendo adquirido pelo proprietário da casa somente em 1946”, revelou. São dois vitrais, um retrata a Santa Barbara e o outro a Sagrada Família. Não existe registro sobre o autor do vitral que passou por um processo de restauração em 2010 pelo restaurador Euclides Leal.

Vitral instalado no teto do Palácio da Redenção

Origens dos Vitrais - As origens dos vitrais são impressivas, segundo historiadores remonta a Idade Média, sendo comuns no Oriente nos séculos IX. O vitral era visto como algo exuberante, principalmente pelos magníficos efeitos produzidos pela entrada da luz solar, projetando uma variedade de cores no interior dos ambientes, principalmente das igrejas.
A arte do vitralismo foi se espalhando aos poucos, chegando ao Ocidente através do Mediterrâneo, e foi no Ocidente que a arte se fortaleceu, a qual era adotada para reforçar a espiritualidade, dosar e equilibrar a luz, sublinhar a harmonia geral da arquitetura transmitindo tranqüilidade ao ambiente, proporcionar a entrada de luz multicolorida.
No inicio os vitrais tinham por objetivo ilustrar as cenas bíblicas, contando as histórias por meio de figuras num tempo em que uma pouquíssima parcela da população sabia ler. Os vitrais, portanto, eram essenciais para guiar o povo de acordo com os ensinamentos religiosos através das figuras ilustrativas. E era uma das primeiras artes góticas da História. A cor era elemento essencial para os vitrais que, através da luz que vinha de fora da igreja, despertavam a curiosidade das pessoas em relação às histórias contadas em forma de ilustração. Era um meio de atrair a população às igrejas, com adornos e formas jamais então vistas nas paredes cinzas das catedrais. Fonte: http://obviousmag.org



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