sábado, 27 de fevereiro de 2016

Continuidade da Obra de Ariano Suassuna

Pedra Lumiara Jaúna


Por Teresa Duarte

Passado um ano do falecimento do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, sua obra ainda permanece viva e está sendo continuada pelo seu filho, o artista plástico Manuel Dantas Suassuna. Um arrojado projeto que faz parte do livro deixado pronto pelo escritor, obra inédita que ainda não foi publicada, estava sendo desenvolvido na Fazenda Carnaúba, Município de Taperoá, na Paraíba e havia parado por falta de recursos.
Esse projeto foi iniciado em 2011 e vinha sendo custeado pelo escritor. O primogênito do escritor revela que tudo começou quando seu pai lhe contou que precisava de uma pedra que fosse semelhante  à pedra do Ingá. “Papai me falou que precisava da pedra porque estava empenhado na escrita do seu novo romance, onde um personagem faz inscrições rupestres, entalhadas em uma pedra semelhante à do Ingá”, revelou.
De imediato, o filho informou-lhe que aquela pedra existia e que ela estava exatamente na propriedade de seus familiares, o que causou surpresa ao escritor. Surpresa maior foi quando Ariano Suassuna mostrou ao seu filho o desenho da pedra esculpida, contida no protótipo do livro que estava escrevendo. “Quando papai me mostrou o desenho da pedra que constava em sua nova obra eu fiquei surpreso com a semelhança porque ela era exatamente igual à pedra que tínhamos em nossa propriedade”, destacou o artista plástico.
Na primeira vez que o escritor foi ao local para conhecer a pedra, ficou frustrado porque o mato estava bastante alto e não foi possível localizá-la. Na segunda vez, já precavido, Manuel Dantas cuidou de atear fogo ao mato, limpado o acesso à pedra. “Na segunda vez que meu pai veio conhecer a pedra, eu havia ateado fogo à vegetação para podermos chegar até ela, deixando-o mais encantado, ainda, porque ele tinha um verdadeiro fascínio pelo fogo”, destacou.
No mesmo dia, foi feita a limpeza da pedra, e iniciado o processo de esculpi-la, o que foi feito pelo morador Waldemir, partindo dos desenhos e formatos passados por Ariano e desenhados por Manuel Dantas, e que constituiu uma releitura da Pedra do Ingá. Na verdade, o projeto é bem mais amplo e atinge uma extensa área da Fazenda Carnaúba. O local reservado, que continha três pedras, foi chamado de Lumiara Jaúna.
Na área, será instalado um museu e reservado um local para que sejam realizadas oficinas de arte. “A primeira pedra será chamada de “A Arte Rupestre”, a exemplo da Pedra do Ingá que é um sitio arqueológico rupestre. Na segunda pedra, será feita uma releitura da interpretação do barroco brasileiro, enquanto que, na terceira pedra, será a arte contemporânea. – informou. A continuidade desse projeto é, hoje, a meta do artista. “Minha obra toda é para homenagear meu pai. Já era assim com ele vivo; agora, com ele morto, também. Eu tenho o maior orgulho de ser filho de Ariano, não só do Ariano escritor, mas, também, do Ariano – o homem”, finalizou.

Saiba Mais: A pedra Lumiara Jaúna está localizada na Fazenda Carnaúba, Município de Taperoá. Fica a 245 km da capital, João Pessoa e a 120 km de Campina Grande. Limita-se com os municípios de Desterro, Livramento, Passagem, Salgadinho, São José dos Cordeiros, Parari, Santo André, Assunção, Areia de Baraúna e Cacimbas. A BR 230 e a PB 238 são as principais rodovias que dão acesso ao Município.

Fotos: Teresa Duarte

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