Curtume Ribeira - produção associada ao turismo
O curtume é referencia na qualidade do processo de curtimento |
O trabalho realizado na Artesa – Curtume
Coletivo Miguel de Souza Meira, no Distrito da Ribeira, Município de
Cabaceiras, é hoje referencia na qualidade do processo de curtimento do
semiacabado de couro do bode e do boi. Foi com a formação da Cooperativa dos
Curtidores e Artesões em Couro Ribeira Cabaceiras, por meio de um trabalho de pesquisa e estudo
para eliminar o mau cheiro das peles dos animais, tratadas e transformadas em
peças de artesanato que os levou a serem reconhecidos, nacionalmente, pela
qualidade do produto.
Cabaceiras 175A Artesa foi criada em
1999 e, à época, tinha uma produção mensal de 500 peles. Com aplicação da nova
técnica, essa produção passou para 11 mil peles/mês. Anteriormente, a produção
era voltada apenas para a confecção de peças do vestuário da região, típicas
dos cangaceiros e com cheiro muito forte. Com a nova técnica aplicada, a
produção aumentou e hoje é de 10 mil couro de bode por mês e de 25 mil quilos
do couro de boi por mês, comercializados em forma de produção artesanal de
peças, a exemplo do chapéu, selas de montaria, calçados, bolsas, cintos,
chaveiros, flores, entre outros.
São 72 sócios na Cooperativa que sustenta 55 famílias, num um total de 275 pessoas, além mais de 100
pessoas que são beneficiadas com
empregos indiretos. Conforme o presidente da Artesa, José Carlos de Castro,
dessas 55 famílias, 40 atuam na parte do artesanato e 15 no trabalho do
curtume. “Antigamente, as pessoas tinham vergonha de trabalhar no curtume
porque quando terminava o serviço ninguém agüentava o mau cheiro, que ficava entranhado na pele. Hoje, a realidade é outra; ninguém precisa
mais ficar lavando as mãos varias vezes e, com a nova técnica, isso não acontece e as vendas tendem a
crescer cada vez mais”, destaca.
Com a formação da Cooperativa e com a parceria
do Sebrae-PB, eles iniciaram o processo de capacitação dos artesãos e aqueles que anteriormente produziam apenas a
cartucheira, ou produtos típicos do
vaqueiro, passaram confeccionar cintos,
sandálias, bolsas, carteiras. “Todos os produtos foram inovados, passando a ter
melhor qualidade e, contando com a
assistência do Sebrae, a produção foi se
modernizando até atingir a excelência, com a utilização de uma técnica que tirou das peças de couro aquele
cheiro quase que insuportável de
“coisa
podre”, revelou José Carlos.
Produtos de qualidade |
Além da melhoria na qualidade do produto,
que hoje é vendido para o Nordeste e para outras regiões do país, a Arteza, além
de proporcionar o surgimento de novos talentos e de pequenos empresários
moradores do Distrito da Ribeira, formou uma verdadeira cadeia produtiva. Um
exemplo desse incentivo é o estudo de novas técnicas para os jovens a partir
dos 12 anos de idade. “Nós oferecemos novas oportunidades a esses jovens porque
queremos que se tornem profissionais aos 18 anos de idade; por isso, eles são
obrigados a ocupar um horário do dia na sala de aula e outro com estudo de
técnicas de artesanato e produção”, explicou.
Com
base no trabalho de consultoria do
Sebrea-PB, a Artesa também foi integrada ao turismo da região,
oferecendo uma atividades recreativa de
como vivenciar o processo de transformação do couro cru em matéria prima, que é transformada
pelos artesãos nos mais variados
produtos. Nas ofertas formatadas para o turista, que foram transformadas
em folheterias informativas, incluem-se, também, oficina de flores em couro,
oficina de marchetaria, entre outras e os mais variados produtos e acessórios
feitos com o couro do bode e do boi,
além de proporcionar a esse turista a oportunidade de conhecer a história desses artesãos e de se encantar com a sua trajetória de vida.
Fotos e Texto:
Teresa Duarte
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