terça-feira, 10 de novembro de 2015


Curtume Ribeira - produção associada ao turismo


O curtume é referencia na qualidade do processo de curtimento

O trabalho realizado na Artesa – Curtume Coletivo Miguel de Souza Meira, no Distrito da Ribeira, Município de Cabaceiras, é hoje referencia na qualidade do processo de curtimento do semiacabado de couro do bode e do boi. Foi com a formação da Cooperativa dos Curtidores e Artesões em Couro Ribeira Cabaceiras,  por meio de um trabalho de pesquisa e estudo para eliminar o mau cheiro das peles dos animais, tratadas e transformadas em peças de artesanato que os levou a serem reconhecidos, nacionalmente, pela qualidade do produto.

Cabaceiras 175A Artesa foi criada em 1999 e, à época, tinha uma produção mensal de 500 peles. Com aplicação da nova técnica, essa produção passou para 11 mil peles/mês. Anteriormente, a produção era voltada apenas para a confecção de peças do vestuário da região, típicas dos cangaceiros e com cheiro muito forte. Com a nova técnica aplicada, a produção aumentou e hoje é de 10 mil couro de bode por mês e de 25 mil quilos do couro de boi por mês, comercializados em forma de produção artesanal de peças, a exemplo do chapéu, selas de montaria, calçados, bolsas, cintos, chaveiros, flores, entre outros.

São 72 sócios na Cooperativa  que sustenta 55 famílias, num  um total de 275 pessoas, além mais de 100 pessoas que  são beneficiadas com empregos indiretos. Conforme o presidente da Artesa, José Carlos de Castro, dessas 55 famílias, 40 atuam na parte do artesanato e 15 no trabalho do curtume. “Antigamente, as pessoas tinham vergonha de trabalhar no curtume porque quando terminava o serviço ninguém agüentava o mau cheiro,  que ficava entranhado na pele.  Hoje, a realidade é outra; ninguém precisa mais ficar lavando as mãos  varias vezes    e, com a nova técnica,  isso não acontece e as vendas tendem a crescer cada vez mais”, destaca.

Com a formação da Cooperativa e com a parceria do Sebrae-PB, eles iniciaram o processo de capacitação dos artesãos e  aqueles que anteriormente produziam apenas a cartucheira, ou produtos típicos  do vaqueiro, passaram confeccionar  cintos, sandálias, bolsas, carteiras. “Todos os produtos foram inovados, passando a ter melhor qualidade  e, contando com a assistência do Sebrae, a  produção foi se modernizando até atingir a excelência, com a utilização de uma  técnica que tirou das peças de couro aquele cheiro quase que insuportável de
“coisa podre”, revelou José Carlos.

Produtos de qualidade
Além da melhoria na qualidade do produto, que hoje é vendido para o Nordeste e para outras regiões do país, a Arteza, além de proporcionar o surgimento de novos talentos e de pequenos empresários moradores do Distrito da Ribeira, formou uma verdadeira cadeia produtiva. Um exemplo desse incentivo é o estudo de novas técnicas para os jovens a partir dos 12 anos de idade. “Nós oferecemos novas oportunidades a esses jovens porque queremos que se tornem profissionais aos 18 anos de idade; por isso, eles são obrigados a ocupar um horário do dia na sala de aula e outro com estudo de técnicas de artesanato e produção”, explicou.

         Com base no trabalho de consultoria do  Sebrea-PB, a Artesa também foi integrada ao turismo da região, oferecendo uma  atividades recreativa de como vivenciar o processo de transformação do couro  cru em matéria prima, que é transformada pelos artesãos nos mais variados  produtos. Nas ofertas formatadas para o turista, que foram transformadas em folheterias informativas, incluem-se, também, oficina de flores em couro, oficina de marchetaria, entre outras e os mais variados produtos e acessórios feitos  com o couro do bode e do boi, além de proporcionar a esse turista a oportunidade de conhecer a história  desses artesãos e de  se encantar com a sua trajetória de vida.

Fotos e Texto: Teresa Duarte

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